Se você é produtor rural pessoa física, pode estar pagando uma taxa não obrigatória!

Se você é um produtor rural pessoa física, talvez esteja desperdiçando recursos mensalmente sem sequer perceber. Neste artigo, esclarecemos tudo sobre o Salário-Educação, uma taxa que muitos produtores rurais pagam sem entender completamente sua natureza e, mais importante, sem perceber que, em muitos casos, ela não é obrigatória. Quer saber se você se encaixa neste padrão? Continue a leitura.

 

O que é o salário-educação?

Antes de tudo, vamos entender o conceito dessa taxa. O salário-educação é uma contribuição social destinada ao financiamento de programas, projetos e ações voltados para a educação básica pública, conforme previsto no § 5º do art. 212 da Constituição Federal de 1988. Essa contribuição, embora destinada a uma causa nobre, tornou-se uma fonte de despesa oculta para muitos produtores rurais que atuam como pessoa física.

 

A quem se destina e como são repartidos os recursos?

Os recursos do Salário-Educação são repartidos em cotas, sendo os destinatários a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. 10% da arrecadação líquida ficam com o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), que os aplica no financiamento de projetos, programas e ações da educação básica. Os 90% restantes são desdobrados da seguinte forma:

 

Quota Federal: Correspondente a 1/3 dos recursos gerados em todas as Unidades Federadas, é mantida no FNDE para reduzir desníveis socioeducacionais entre municípios, estados e regiões.

Quota Estadual e Municipal: Correspondente a 2/3 dos recursos gerados, por Unidade Federada (Estado), é creditada nas contas bancárias específicas das secretarias de educação dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, na proporção do número de matrículas.

 

Essa divisão complexa muitas vezes contribui para a falta de transparência, levando alguns produtores rurais a pagarem essa taxa desnecessariamente.

 

Você tem direito ao acesso e repasse dos recursos:

O acesso aos recursos do Salário-Educação é automatizado. As quotas-partes pertencentes aos estados, Distrito Federal e municípios são repassadas automaticamente, sem necessidade de convênio, para contas bancárias específicas abertas pelo FNDE. Essa praticidade, porém, muitas vezes esconde a complexidade do sistema, deixando produtores rurais pessoa física pagando essa taxa inadvertidamente.

 

Quais são os órgãos gestores ou as áreas gestoras desta contribuição?

Diversos órgãos estão envolvidos na gestão do Salário-Educação, desde a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), que cuida da tributação e arrecadação, até o FNDE, responsável por repartir e distribuir os recursos. O INEP realiza o censo escolar, fornecendo dados essenciais ao FNDE, enquanto o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal mantêm as contas específicas dos estados, Distrito Federal e municípios.

Com essa complexa rede de órgãos e áreas gestoras, destaca-se a necessidade de uma compreensão mais aprofundada por parte dos produtores rurais para evitar o pagamento indevido dessa contribuição.

 

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Como funciona a atuação da Coordenação Geral de Operacionalização do Fundeb e de Acompanhamento e Distribuição da Arrecadação do Salário-Educação (CGFSE)?

A CGFSE desempenha um papel crucial na operacionalização do Salário-Educação. Suas responsabilidades incluem acompanhar a arrecadação da contribuição, elaborar estudos técnicos para definir parâmetros de distribuição, criar relatórios de acompanhamento da distribuição das quotas estaduais e municipais e prestar apoio técnico aos entes da Federação.

 

É possível parar de pagar essa taxa não obrigatória?

Se você se encaixa no grupo de produtores rurais que não precisam pagar a contribuição, saiba que há sim uma solução. Para que isso aconteça, os produtores rurais pessoa física precisam fazer uma contestação legal do pagamento do Salário-Educação. Recentemente, atendemos em nosso escritório, entramos com uma ação onde a União Federal concordou em cancelar a cobrança e restituir valores, destacando a eficácia do processo.

 

Se você deseja economizar, siga esses passos:

 

  • Apresente as declarações mensais à Previdência Social.
  • Tenha as guias de recolhimento da contribuição (GPS) para o período em questão.
  • Mantenha um arquivo organizado das notas de comercialização da produção.
  • Contrate um advogado especializado em direito tributário ou trabalhista.
  • Colabore ativamente na preparação detalhada do processo de contestação.
  • Providencie todos os documentos necessários para robustecer a argumentação legal.
  • Reconheça a importância crucial do advogado na orientação sobre a viabilidade da contestação.
  • Elabore e submeta a ação judicial contra a União Federal, buscando o cancelamento da cobrança indevida.
  • Conte com a representação legal para assegurar a consideração de todos os detalhes legais e procedimentais.
  • Compreenda que a ação judicial busca não apenas o cancelamento das cobranças futuras, mas também a restituição dos valores pagos indevidamente nos últimos anos.
  • Trabalhe em colaboração com o advogado para garantir que a restituição inclua juros e correção monetária, conforme estabelecido pela legislação vigente.
  • Busque assistência jurídica não apenas como uma medida individual, mas como uma contribuição para a transparência e equidade no sistema de contribuições obrigatórias.
  • Compreenda que a ação não só protege seus interesses individuais, mas também contribui para a construção de um sistema mais justo e consciente.

 

Não permita que o Salário-Educação continue sendo uma despesa oculta nas finanças da sua produção rural. Ao compreender a complexidade desse sistema e buscar a orientação de um advogado especializado, os produtores podem não apenas economizar recursos valiosos, mas também contribuir para a transparência e equidade no sistema de contribuições obrigatórias.

 

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